Pedagogia em Foco

PROJETO UCA (UM COMPUTADOR POR ALUNO): A ESCOLA PÚBLICA NA INCLUSÃO DIGITAL*

Nilceia Diniz 

O projeto UCA (Um Computador por Aluno) foi criado com a intenção de inovar os sistemas de ensino para melhorar a qualidade da educação no país. A iniciativa é do Governo Federal, que visa distribuir a cada estudante da Rede Pública do Ensino Básico Brasileiro um laptop voltado à educação. Mas o propósito do Projeto UCA vai muito além de construir um laptop extremamente barato, é um projeto educacional.

O objetivo do projeto UCA (Um Computador por Aluno), como o próprio nome explica, é que cada aluno brasileiro tenha um computador. O projeto piloto está sendo realizado em escolas do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo, Tocantins e Distrito Federal. Foram adquiridas, inicialmente, 800 unidades para escolas piloto. São apenas cinco escolas, embora seja um número pequeno, o resultado é surpreendente. Obtendo, como visto, um bom resultado nas escolas piloto, o MEC – Ministério da Educação – por meio da Secretaria de Educação a Distância, iniciou no dia 16 de abril de 2010, a entrega dos equipamentos (laptops e servidor) das escolas do primeiro lote de distribuição do Projeto UCA.   Nesta primeira etapa estão sendo distribuídas 33.765 máquinas para 85 escolas em 10 estados. Até o final do ano, o Ministério da Educação entregará 150 mil computadores portáteis para alunos de 300 escolas da rede pública de ensino.

O projeto possui como pontos inovadores: uso do notebook por todos os estudantes e educadores da escola pública em um ambiente que permita a imersão em uma cultura digital; mobilidade de uso do equipamento em outros ambientes dentro e fora da escola; conectividade, pela qual o processo de utilização do notebook e a interação entre estudantes e professores ocorrerão por meio de redes sem fio conectadas à Internet; incentivo ao uso de softwares livres e inserção em comunidades para a disseminação do conhecimento; uso pedagógico das diferentes mídias colocadas à disposição no notebook educacional. Diante disso, a preparação da infraestrutura capaz de garantir que os equipamentos possam se conectar entre si e à Internet é essencial para o sucesso do projeto. Os notebooks educacionais permitem romper com as limitações de tempo e espaço fixo da escola tradicional, uma vez que a portabilidade permite o uso em outros ambientes dentro e fora da escola. A mobilidade flexibiliza os tempos escolares, pois a aprendizagem pode ser tanto no horário formal da escola quanto em outros momentos do dia a dia dos estudantes e educadores. Na escola de Porto Alegre, os alunos levam os laptops, diariamente, para casa. Em São Paulo, alguns alunos levam os laptops para casa nos fins de semana, de comum acordo com as famílias. Em Piraí, Brasília e Palmas, os laptops permanecem nas próprias escolas.

                Projeto UCA em uma escola pública em Palmas/TO

No depoimento, os professores mostraram os pontos positivos e os pontos negativos. Eles dizem que já é possível perceber uma melhora extraordinária no que diz respeito à frequência dos alunos às aulas: praticamente não há mais faltas às aulas. A elevação da auto-estima e o comprometimento com a escola melhoraram sensivelmente. Os alunos têm orgulho de estar participando do Projeto. Eles têm apresentado, também, mais autonomia para escolher temas de seu interesse e para pesquisá-los; além de desenvoltura para apresentarem os seus projetos, com pouca ou nenhuma inibição, porque se sentem mais seguros. Outro ponto comum no depoimento de todos os professores foi em relação à melhora surpreendente da leitura e da escrita. Os alunos passaram a utilizar a agenda, o diário, os blogs, os wikis, os chats, a fazer relatórios de pesquisas, a escrever textos de maneira compartilhada, enviar e receber e-mails etc. Os pontos negativos apontados são, ainda, alguma resistência por parte dos professores – que só é superada quando eles começam a perceber os reais avanços dos alunos -; algumas questões de ordem organizacional – que logo se transformam em desafios a serem superados, coletivamente – e o fato de, em algumas escolas, ainda não haver, efetivamente um laptop para cada aluno. Das cinco escolas-piloto, três trabalham com a condição idealizada e, duas, ainda têm que lidar com o laptop sendo compartilhado por dois ou três alunos.

                Projeto UCA em escola pública em Porto Alegre/RS

Em entrevista à Regina de Fátima Gonçalves Abreu, professora de Matemática do 8° e 9° anos do Colégio Estadual Rotary, no município de Itaperuna, ela afirmou que o computador como ferramenta de ensino é muito importante, mas considerou alguns fatores negativos: “A Educação está vivendo momentos de mudanças, isso eu não posso negar. A minha relação com a Informática na escola onde trabalho se dá apenas no laboratório, e não se dá de forma satisfatória, porque o que percebo é que os alunos acessam outros sites que os levam a distração e não fazem como deveriam o trabalho solicitado. O projeto UCA, é mesmo inédito, mas para mim não seria proveitoso, pelo menos nesse momento penso assim. Eu sou daquelas professoras que entendo que nada substitui o livro, o papel  e a caneta. Caso esse projeto chegue ao Município  de Itaperuna, alunos e professores terão que ser preparados para lidarem com essa inovação”, conclui.

A aluna do 3° ano do Colégio Estadual 10 de Maio, Suelen Ramos Silva, em entrevista, expressou que o projeto UCA surgiu para melhorar a qualidade da Educação no Brasil. “É uma inovação que eu gostaria que tivesse na minha escola. É por isso que aguardo ansiosamente que chegue ao meu município de Itaperuna, pois com isso, eu e todos os alunos poderemos ter acesso a uma aprendizagem interativa e compartilhada através dessa tecnologia em sala de aula. Minha expectativa é que futuramente todos tenham um computador em casa e em sala de aula,para que o Brasil não seja mais um país de Terceiro Mundo”,enfatiza a aluna.

Diante dessa realidade que é o projeto UCA, os professores precisam estar a par dos benefícios para que toda resistência venha ser quebrada. Da mesma forma, os alunos precisam estar preparados para serem agentes criativos. Para isso é preciso que o laptop seja entendido como uma ferramenta fundamental, já que auxilia o aprendiz na criação e compartilhamento do conhecimento, através da interação na rede tecnológica.

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*Fonte: www.projetoucapalmasto.blogspot.com
            www.pensamentodigital.org.br/?q=node/605
            www.br-ie.org/pub/index.php/wie/article/viewFile/968/954

            www.consed.org.br